O primeiro blog que assinei foi construído no finalzinho de 2009 e publicado em 25 de janeiro de 2010. Sempre fui muito conectado ao significado das datas e essa quase obsessão me acompanhou em diversos momentos da minha caminhada na produção de conteúdo digital.
Lá em 2009, quando eu ainda estava no ensino fundamental, o blog tinha a ambição de se tornar o principal meio de comunicação para uma escola pequena, de bairro periférico, que não tinha nem página no Facebook ainda. Deu certo. Alguns meses depois, meu pequeno conglomerado midiático tinha presença nas principais redes sociais, contando, inclusive, com um canal no Youtube, em que eram publicadas as coberturas dos eventos do colégio. Bons tempos.
De lá pra cá, minha relação com a internet passou por diversos episódios e transformações, mas sempre com uma constante: a presença de uma “marca” à minha frente. No colégio, o nome da escola; na faculdade, o nome do curso; depois da graduação, o nome da área de conhecimento em que me formei. Até mesmo quando alimentei um blog pessoal, ele não carregava meu nome, mas uma expressão: Tal Pensante. A terapia pode explicar, mas eu tendo a compreender que, no fundo, tratava-se de um engenhoso mecanismo de defesa contra o medro de fracassar e/ou de me expor.
Na internet, embora nada desapareça verdadeiramente, quase tudo pode ser enterrado na areia movediça de novas informações que não param de surgir a cada segundo. Na era da terceirização da memória, em que nos lembramos de datas importantes por meio das notificações de redes sociais, mais do que depender do apagamento, as informações só dependem da passagem do tempo para serem esquecidas.
Estar por trás de uma “marca”, assim, era como ter a chance de apenas descartar uma roupa que não serve mais, caso alguma coisa desse errado, caso alguma coisa saísse do controle. Era, também, uma maneira menos corajosa de autopromoção. Para todos os efeitos, não era a mim mesmo que eu estava promovendo, quando divulgava um conteúdo, mas uma marca, um logotipo que não tinha minha cara, uma outra pessoa.
Mudei. Ou tenho mudado… No fim de 2020, o ano da grande reviravolta que sacudiu toda a humanidade, foi impossível não reavaliar uma série de aspectos da vida, do aparentemente mais simples ao notavelmente mais complexo. Foi nesse espectro que encontrei minha presença digital, dividida em uma série de alias, uma série de personagens, feito uma boneca russa. E isso me incomodou, assim como me incomodou a rotina de tentativas constantes para me encaixar em um recorte temático específico, a fim de atrair atenção mais do que expressar criatividade, que foi, desde 2009, o principal propósito da minha produção de conteúdo.
Então mudei e coloquei meu nome à frente dos projetos, encaixando-os como editorias, como espaços de uma mesma casa, assuntos de uma mesma pessoa: @dawtonv. Tem feito mais sentido. Muito mais sentido. A produção de conteúdo, que se tornou um grande exercício de resistência, depois da faculdade, voltou a fazer parte da minha rotina, integrando-a, associando-se, fluindo no mesmo sentido.
É desse processo de reencontro que este blog (re)nasce, na tentativa de centralizar os conteúdos publicados internet afora, ao passo que me permite aprofundá-los, desenvolvê-los, sistematizá-los, torná-los só um pouquinho menos dependentes dos algoritmos. Um pouquinho que seja.
E que continue fazendo sentido, enquanto fizer sentido.
Câmbio, desligo.
Para ir mais longe
No episódio "Reapresentação" do podcast Dawton Aqui, aprofundo um pouco mais as reflexões deste post. :)
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