Recentemente, em viagem ao Rio de Janeiro e fazendo uma das coisas que mais gosto de fazer quando viajo (conhecer os lugares a pé), cheguei à praça Nossa Senhora da Paz, em Ipanema, na zona sul da cidade. Lá, encontrei o monumento da imagem do O Globo, em homenagem ao senador Pinheiro Machado (1851-1915), quem eu só fui entender quem foi depois de pesquisar e encontrar, na Wikipedia, a informação histórica de que Pinheiro foi "um dos importantes paladinos dos ideais republicanos no Brasil".
Apesar de ser bem grande, o monumento contava com apenas um pequeno texto, acima da cabeça da estátua de Pinheiro Machado, que contava um pouco sobre sua biografia, mas sem oferecer contexto histórico suficiente para quem não conhecesse a história da República na segunda metade do século XIX. Compartilhei a visita pelo Stories, tentando justamente refletir sobre os propósitos comunicativos reais que textos curatoriais podem ter, para além daqueles fabricados para as aulas de interpretação e produção de texto. Num contexto sócio-histórico de profusão de informações, o conceito de curadoria se tornou fundamental para mostrar a estudantes maneiras confiáveis de acessar e compartilhar conteúdos.
Os textos curatoriais, nesse sentido, materializam intenções, critérios, conexões e camadas de leitura que podem ser acessadas a partir da seleção e da organização de elementos, tais como esculturas, quadros, fotos, posts, textos, vídeos e músicas, por exemplo. E quando não é possível levar a sala de aula para a praça ou para o museu, para mostrar as práticas sociais que os textos curatoriais medeiam e realizam na prática, especialmente com a colaboração de colegas da área de Ciências Humanas (alô, História!), talvez seja possível promover atividades de sala que contribuam para esse aprendizado.
Nessa lógica, a construção colaborativa de playlists de músicas é uma das minhas atividades preferidas. Cada estudante (ou grupo) deve selecionar uma (ou mais de uma) música, atendendo a critérios relativamente simples: letra em português brasileiro, com vídeo no Youtube, durando entre 3 e 5 minutos e contando uma história, por exemplo.
As músicas devem ser justificadas oralmente, para a turma, de maneira breve. É uma atividade relativamente simples, mas ajuda muito o processo de aproximação entre professor e estudantes, além de favorecer o engajamento deles a partir do uso de referências que eles não só dominam, mas que também consomem, das quais gostam, as quais querem compartilhar. Clicando aqui, você vê uma lista de reprodução cujo tema foi "Músicas que salvam a gente", construída no primeiro ano do ensino remoto por uma turma de laboratório de redação.
O critério para essa playlist era, basicamente, músicas que ajudavam os estudantes a lidarem com o isolamento social, que, à época, marcou severamente o cotidiano de todos. A aula transformou-se, assim, num espaço seguro para compartilhamento de emoções, reflexões, aflições e acolhimento. Tecnicamente, para fazer juntar todas as músicas numa playlist, basta usar o próprio recurso do Youtube, que apresentar, abaixo de cada vídeo da plataforma, um botão de "+" ou "Salvar", permitindo adicionar a produção a uma lista de reprodução. Sugiro, inclusive, fazer isso com uma conta profissional do Google e deixando a playlist como "não listada", isto é, acessível apenas por meio de link.
Caso você queira mais detalhes de como fazer isso, é só deixar um comentário aqui no post.
As sugestões de atividades apresentadas podem ser úteis para abordar as seguintes habilidades:
Enem: C6 (H18, H19)
BNCC: EM13LGG301, EM13LP11, EM13LP15 e EM13LP53
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